Em seu podcast, Cíntia Dias debate a violência contra pessoas trans

30 de janeiro de 2024 às 15:21

Durante o programa 50 minutos com Cíntia, a presidenta do Psol Goiás, Cíntia Dias, debateu de forma aberta o tema “Rumo ao futuro: Entendendo a visibilidade e combatendo a violência de gênero”, podcast transmitido pelas redes da líder política nesta semana. O debate foi enriquecido pela participação da miss Distrito Federal, Jade Fernandes, de 23 anos, e de Bárbara Alves de Oliveira, mulher negra, trans, militante LGBTQIA+ e que foi a candidata de gênero mais bem votada nas últimas eleições no Centro-Oeste, pelo Psol. Na mesma semana do debate, saiu a pesquisa da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) colocando o Brasil no topo dos assassinatos de pessoas transsexuais.
As participantes destacaram a importância de reconhecer a identidade de gênero das mulheres trans, respeitando sua autodeterminação e combatendo estigmas discriminatórios. Foram discutidas as barreiras enfrentadas no acesso à educação, emprego e serviços de saúde, ressaltando a necessidade de políticas inclusivas que promovam a igualdade de oportunidades. Também foram abordados temas sensíveis, como a violência física e verbal sofrida por mulheres não cis, destacando a urgência de medidas para garantir a segurança e proteção dessa comunidade. O debate visou sensibilizar a sociedade para a importância da empatia, do respeito à diversidade e da construção de uma cultura mais inclusiva, que reconheça e valorize a vivência das mulheres trans no contexto brasileiro.

No dia 11 de janeiro de 2024, Jade Fernandes (uma das entrevistadas no podcast) abriu denúncia, alegando ter sido estuprada pelo delegado Kleyton Manoel Dias após eles terem saído de uma festa, em Goiânia. Ela registrou o caso na Polícia Civil, e o delegado foi afastado do cargo.

Brasil no topo de assassinatos de pessoas transexuais

De acordo com a pesquisa publicada no portal Metrópoles, em 2023 o Brasil testemunhou uma triste realidade ao registrar 145 assassinatos de pessoas transexuais, travestis e não binárias, conforme apontado no relatório anual da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra). Esses dados, divulgados no Dia Nacional da Visibilidade Trans, revelam uma preocupante elevação de 10,7% em comparação com o ano anterior, indicando uma persistente ameaça à vida dessas comunidades marginalizadas.

O relatório destaca que, embora o país tenha experimentado uma queda geral de 5,7% no número de assassinatos no mesmo período, a violência específica contra pessoas trans continua a ser uma triste exceção. Das 145 mortes registradas, cinco foram contra pessoas trans defensoras de direitos humanos, evidenciando o risco adicional enfrentado por aqueles que lutam pela igualdade e justiça.

A análise mais detalhada dos dados revela uma preocupante distribuição dos casos. A esmagadora maioria, 136 das 145 mortes, recaiu sobre travestis e mulheres trans, destacando a vulnerabilidade específica desses grupos. Por outro lado, nove casos envolveram homens trans e pessoas transmasculinas, sublinhando a diversidade de experiências e desafios enfrentados pela comunidade trans como um todo.

Violência por estado
A série histórica da Antra, entre 2017 e 2023, também listou os estados que mais mataram pessoas trans:

São Paulo: 135 casos

Ceará: 96 casos

Bahia: 89 casos

Rio de Janeiro: 83 casos

Minas Gerais: 80

Pernambuco: 68 casos

Paraná: 54 casos

Pará: 41 casos

Amazonas e Paraíba: 38 casos

Goiás: 36 casos

Além disso, o estudo identificou cinco mulheres travestis brasileiras que foram assassinadas no exterior, sendo duas na Itália, duas na Espanha e uma no Paraguai. Entre 2017 e 2023, 17 travestis e mulheres trans foram mortas fora do Brasil.

Confira todo o mapa de assassinato de pessoas trans no Brasil

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